Sabemos olhar!

24 de abr. de 2010

SER FELIZ = HOMEM E MULHER?

Uma pergunta líder - será possível a resposta dessa busca? Ser ou equivaler à felicidade entre um homem e uma mulher, num contrato comum com o termo mais grifado, destacado e declarado: O AMOR.

Minha situação atual, não me outorga a liberdade em falar de um relacionamento feliz.

Mas tento expressar o que antes busquei, o que encontrei e, por conseguinte descartei averbada, ou corajosamente.

Não quero focar a felicidade apenas como um bem estar, mas o que implica o abdicar a satisfação pelo o outro.

Antes, porém, visando à felicidade não como uma posse adquirida, mas uma entrega ousada de dois seres que pensam ter autoridade em dar garantias, na inocente visão apaixonada que se embriagam pela porção do "amor", asseguram promessas e até assinam tratados. E imperiosamente, ambos crêem que não existe outro casal mais feliz que eles, despretensiosos permitem a moldura do modelo e demonstram prosperidades afetivas.

Tudo isso é maravilhoso, é por boa fé, pela alegria de ser mutuamente apreciados e admirados, tornam-se dois seres atraídos um pelo outro, até se firmarem internamente, e se jorram no gozo de ser uma só carne.

Não existe SER FELIZ = Homem e mulher. Quem garante?

Existe SER FELIZ = Homem e Mulher. Quem garante?

Os relacionamentos mudam, os sentimentos mudam, porque os administradores são mutáveis, são Homens e Mulheres, cada um com um nível diferente, mas não existem conselheiros de si mesmos. As mudanças abruptas surgem e são derrocadas as relações.

Se consultarmos um casal e fizessemos uma entrevista, perguntando o que ele busca nela, principalmente num casal em crise, certamente a lista das reclamações será bem semelhante. Porém, tudo se repete como peças de dominó empilhadas verticalmente em equilibro, e por um breve vento lança a porta, e todas peças caem, e caem sem dá tempo de recuperar uma sequer.

A lista das reclamações é semelhante sim, aprendi que - todo rompimento tem dor, é necessário manter o bom senso e não retirar do outro as suas qualidades e a possibilidade de reestruturar sua vida, a partir da separação.

A diferencia é a descoberta de que não era com aquele parceiro ou parceira, pois, quando não se olha com os olhos apaixonados, qualquer esforço do outro, torna-se em vão.

Enquadrando a minha experiência de uma separação, permiti o sofrimento durante os combates, após a passagem deles, o que restou foi à consciência de que sou um SER FELIZ.

Os solteiros têm sua individualidade exercida, essa individualidade é como uma preparação do que vem ser à seguir, em tempos passados o casamento era visto como um escala da vida humana, puramente para constituir família, e pouco se discutia conflitos, confundia-se submissão feminina com medo do cônjuge. O comportamento familiar diferenciava apenas das regiões geográficas e culturais.


Existem muitos Homens e Mulheres, difícil é o encontro: Achar a CARTA de “AS” (Amor para Sempre).

E quando encontramos a Carta de AS, exoneramos a individualidade, e passamos a projetar o desejo de FELICIDADE na responsabilidade do outro, é como um semáforo quebrado - um espera numa extremidade da rua o momento de atravessar; o outro do mesmo modo, e o tempo passa e passa, até que ambos olham sinceramente permitindo em SINAIS que o outro atravesse a rua com segurança. Mas quando sabemos esse momento? É preciso mais que leitura de trânsito para compreender o momento, é preciso sensibilidade e ambição pela vida A DOIS.

No segundo parágrafo desses escritos, contraio-me quanto a falar que não estou na melhor situação, para abordar o tema.

O que busquei? O que encontrei? O que descartei?

Busquei – Abdicar de uma individualidade, ser prioridade, construir uma família, viver uma paz a dois, ser desejada e necessária, ser cúmplices de erros e acertos, e a tão esperada declaração: SER FELIZ.

Encontrei – Realização de projetos, satisfação nos momentos críticos, cumplicidade, integração, paz a dois e a tão esperada pergunta: SOU FELIZ?

Descartei – O silêncio que veio como fogo, devastando o que se tinha plantado, buscado e encontrado, e daí se firmou a tão esperada confissão: SIM! SOU MESMO FELIZ.

O ser feliz, não é toda uma história e não depende de outra pessoa, tudo vagueia transitoriamente, conforme os momentos, os sentimentos e circunstâncias, não existe uma fórmula dessa embriagues e nem um antídoto para a "razão" ser salva.

A inconstância é um mal que remata qualquer relacionamento ao fracasso, o farol deve ser ligado continuamente. O bom humor deve ser provocado em muitos estágios por necessidade, para que seja colocada leveza mesmo nos grandes conflitos no lar. É o homem ter coragem de dizer: JÁ PASSOU.... (como um salva-vidas) e a mulher sensivelmente responder: SIM, COMPREENDO.

Esse é um compromisso que se espera de um relacionamento, é saber que ambos necessitam de perdão, pois somos falíveis.

Num dado momento, alguém me falou que eu não deveria dá conceitos aos meus sentimentos, nem afirmar o que sinto do outro, a exemplo, foi lançado à questão de uma pessoa inconveniente, no qual, não deveria dizer a famigerada frase: VC É INCONVENIENTE. Mas que deveria dá sinais apenas para que o outro perceba e reflita na sua inconveniência.

Fiquei meditando nessa postura, e analisei como seria TER um grande amigo, e não falar o que sinto, apenas dá sinal do seu comportamento, ao bater a minha porta e simplesmente, não abrir e falar: Volte mais tarde!

Como esse amigo se sentiria? Sem chances de diálogo? Ou uma defesa? Será que ele compreenderia de forma padrão que é um ser inconveniente?

Ainda na minha reflexão, penso que é comum uma atitude dessas, de sair à francesa das situações e amizades. Diferente e especial, é chamar olho a olho e falar dos pontos que constrange o outro, mesmo tão desgastante, porém, imprescindível. Porque, não estamos num relacionamento homem e mulher tratando de maneiras comportamentais e sim de uma vida.

Quando conhecemos alguém não há silêncio, um quer mais e mais ligações, impressionar e até mesmo centraliza toda atenção. Fácil é o desprezo e o retorno inerte.

Num casamento traçamos um percurso, um mapa que é colocado na mesa e delimitamos as passagens, é como se fossemos DEUSES DAS NOSSAS VIDAS.

Por isso, quando se tem por finalizar um casamento, nem sempre é fácil, não apenas um afastamento de corpos, é um distanciamento nos projetos de uma vida toda. Nem sempre os cônjuges são conscientes de que precisam lembrar do antes, de quando cada um, era um ser individual. Primeiro porque, o peixe que vive no aquário conheceu o mar.

Uma vida condicionada à parceria, assumir que fracassou nem sempre é fácil, os descasados sofrem preconceitos sociais, familiares e até religiosos, são como pessoas descartadas, até que novamente sejam enamorados pelo renovo.

Não é fácil! Muitas questões íntimas são coagidas, em conversa com uma mulher casada, percebi que a mesma privava o seu homem de uma vida sexual normal, permitida pela própria natureza de fêmea e macho. Precisei falar de I Cor 7, para alertar o quanto sua sentença era desonesta, em privar o seu homem e lançá-lo ao perigo. E pela ousadia do momento falei: LIBERE-O.

Claro que essa não era a solução, mas mesmo casados ainda mantemos a LEI DO INDIVIDUALISMO que vem publicada dentro de nós. E ainda justificamos a individualidade como: Personalidade.

Os momentos românticos vão desvanecendo, e o período dos conflitos precisando de reflexão, o casal não tem como diminuir as discussões, gradualmente e discretamente as diferenças apontam e a ruptura não será surpresa.

A fidelidade não é quando o CONTRATO É ASSINADO, mas também em meio à ruptura, é necessário manter-se leal, nas decisões e no novo rumo distinto de cada um, para que não façam amargar vidas que nem esperavam pertencer ao naufrago matrimônio: OS FILHOS.

Quando estamos compromissados, queremos ser especiais para o outro, realizar todo o encaixe que esperamos que o outro faça por nós, a nossa iniciativa é como um sinal de virtude, e queremos ser mais amáveis. Compreender que não é através do outro que se esconde a FELICIDADE, mas é a sua própria iniciativa em querer a FELICIDADE.

E mesmo querendo a felicidade, ela não é absoluta em todos os momentos da vida, é subjetivamente conceituada, mas sabemos quando sentimos.

E agora? Lembrei de um escrito de um adolescente, que ele escreveu na contra-capa do seu caderno nos anos 80, e tinha escrito:

“E agora amada?

Felicidade...

Depois tudo!

Depois dores sem remédio!

Depois tédio!

Depois nada!

Orgulho imundo...”E é dessa sobranceria que quero falar, o orgulho é camuflado pelo “amor próprio”, e essa bandeira fica hasteada no topo, quem vai sair bem? Em meio aos projetos demolidos? O mote é: Salve-se quem puder!

Não importa a velocidade, nem a segurança do veículo que transporte às vidas sem rumo, por que é tão difícil esse resgate?

O casamento não é somente de DUAS pessoas, abrange muitos envolvidos, onde a frase: “Marido e mulher ninguém mete a colher”, é um termo apenas para que os outros envolvidos não tenham nenhuma responsabilidade, caso um necessite de um apoio e até mesmo um acompanhamento especializado. Não se “mete a colher” no sentimento, no gozo dos dois, mas é pertinente em conflitos, espera-se algum mediador. E quem quer fazer esse papel? Nem sempre a família tem instruções niveladas a aceitação dessa intervenção e o casamento vai por perecer.

Nada se faz só, até mesmo uma masturbação não substitui uma relação sexual, essa é uma frase que uso para chocar toda a altivez e alta suficiência de quem se acha que SOZINHO SE BASTA.

Não queremos viver sozinhos, mas não queremos viver acompanhados e solitários. E no castelo da felicidade pouco a pouco são construídos cômodos bem parecidos com o da Torre de Babel.

E por que descartei?

Descartei, o que chamo de migalhas, viver na incerteza de que aparecerá a qualquer momento um lançamento do final do saquinho de pipocas, e saciara minha fome e os meus traumas.

E quando falei, precisamos ser leais, é assumir seus traumas e descobrir até que ponto você lançou uma conta para que o outro pague, coisas que ficaram mal resolvidas nas raízes familiares de onde você surgiu como individuo único.

Intimamente eu declaro: Não venho de uma família “normal”, emergi de conflitos graves, e projetei em mim mesma, o DESEJO de ter uma família, e todo desejo têm FORÇA.

Esse desejo de paz, de construção, de amor único e verdadeiro, foi o que busquei, mas encontrei muito mais do que busquei, compreendi que não existe AMOR ÚNICO E VERDADEIRO, existe apenas AMOR e isso basta, quando se é amor é amor e simplesmente, nada mais...

Tracei pensando não está traçando metas sozinhas, desejei uma família, um lar e filhos, sem soberanias, apenas no desejo de cumprir o que me faltava lá atrás...

Na minha separação, não coloquei o meu interesse material, não existia apego a nada, deixo aqui registrado que minha primeira venda foi o fogão da cozinha, simbolicamente estava me desfazendo do alimento e da construção, da chama acesa de uma vida que se apaga.

Está casado hoje, é ser antes uma definição de coragem e enfrentar uma separação certa do adeus é antes, porém, uma definição de heroísmo, um heroísmo sem virtudes, algo que amarga na insônia e na incerteza de enfrentar os dias que virão.

Mas, tudo isso tem uma faceta, é um GRITO DE LIBERDADE, uma liberdade acanhada e discreta.

Somos seres que enfermamos mas somos seres de cura.

Concluindo essa reflexão de SER FELIZ – HOMEM e MULHER

Assemelhamos essa reflexão, como propósito na vida a dois, e somos exigentes em alcançar, levamos em conta o propósito de Deus que deve ser levado em consideração, para que a nossa soberba não seja maior de todas as razões, não posso deixar de lembrar aqui, na visão cristã que Deus identifica a valorização do relacionamento conjugal. Muito embora, a religião quando entra no quarto do casal, torna-se um ópio, com regulamentos e deságua para a ignorância.

É no casamento que exercemos o que sonhávamos no quarto de solteiro = que são os sonhos, as atitudes, os compromissos, tudo que implica uma vida a dois e mais, compartilhamos os corpos. O contato, a chama e toda virilidade que a saúde que te beneficia, sem negações, não permitindo a libido ser um terceiro plano de um ato conjugal.

É aceitar as limitações do outro, oferecendo o seu melhor para o complemento, é dá um grito se necessário, é bater na porta do carro com força, é lançar um celular contra a parede, e depois falar: JÁ PASSOU...

Mas, existe um bater de martelo nesse tribunal e o som do impacto é: ...AMOR.

E quando você não ouvir esse som, compreenderá que lutar nesse resgate, sem orgulho nenhum, sem atribuir buscas de felicidades ao outro, sendo leal com si mesmo, e respondendo: EU NÃO AMO, - e liberará o outro com toda dor de rompimento, arcará com imprevistos com filhos ou não, e seguirá, não se sentindo no infortúnio, sem alto flagelo, mas responsável perante DEUS e perante os Homens que só existe uma pessoa responsável por sua felicidade: VOCÊ MESMO

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Este texto foi escrito para o meu irmão Milagro, quando perguntou se ainda exista felicidade.

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